quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Lygia Bojunga tem muitas histórias para contar.

 Lygia Bojunga de leitora à escritora. Até hoje somam vinte e três obras para crianças e jovens( contos, novelas, peças e teatro). Foi a primeira escritora fora do eixo Europa- estados Unidos a receber a medalha Hans Christian Andersen, considerada o prêmio Nobel dos autores para a infância e juventude de todo o mundo. Na ocasião - 1982 - Lygia tinha apenas seis livros publicados: Os colegas, Angélica, A bolsa amarela, A casa da madrinha, Corda bamba e O sofá estampado. Após o prêmio Andersen a obra de Lygia se espalhou pelo mundo e a autora teve livros publicados em vinte idiomas.




Em 2004 recebeu, na Suécia, o prêmio ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award), a maior premiação internacional até hoje conferida à literatura para crianças e jovens.Criou a Fundação Cultural Lygia Bojunga em junho de 2006, fruto do prêmio ALMA, e através dela a autora busca desenvolver ações que aproximem o livro da sociedade Brasileira. Sua sede é no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, junto à casa onde a autora mora há muitos anos.

Fundação Cultural Casa Lygia Bojunga viabiliza o desdobramento de 7 projetos. São eles: 

Paiol de Histórias, Mini-bibliotecas básicas / Apoio a quem apóia o Livro, Bolsas de estudo, A Árvore e seus companheiros, Um encontro com a Boa Liga, Um novo nicho pra Santa e 
Encontros Literários.


A obra de Lygia Bojunga vai além dos limites entre a fantasia e a realidade, em seus livros o leitor encontrará temas que abordam questões sociais contemporâneas dentro de um universo lúdico, apaixonante e bem-humorado.


Dicas de Leituras para Adolescentes e Jovens: 

Ampliando os horizontes.


  • Os Colegas -  Livro ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais - Lygia cria um de seus mais famosos grupos de personagens, entre os quais o ursíssimo Voz de Cristal, o coelho Cara-de-pau, e os vira-latas Virinha e Latinha: seres abandonados, vivendo à margem da vida, mas que - uma vez reunidos pelo acaso - descobrem a amizade, a solidariedade e uma intensa alegria de viver.

  • Angélica - Este livro tem num dos capítulos uma peça completa de teatro. Quando você não quer mais ser o que você é - dá pra mudar de pele? Quando você não se conforma com o jeito que a sua família vive - dá pra mudar o jeito? E quando você não arranja emprego - dá pra inventar um? Se você tem que vender um pedaço de você mesmo pra sobreviver - dá pra ficar de bom humor? E se você fica velho e sozinho no mundo - dá pra dar a volta por cima?Os personagens que levantam estas dúvidas (e outras mais) se encontram aqui neste livro. Juntos, criam uma peça de teatro chamada Angélica. A criatividade faz de cada um deles um ser mais feliz.

  • A Bolsa Amarela - Uma menina entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela) - a vontade de ser gente grande, a de ter nascido menino e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação, essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a- dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação.

  • A casa da madrinha - Traduzida em vários idiomas e encenado em teatros do Brasil e Suécia, esta obra conta a história de Alexandre, que larga o mundo onde vive - mundo hostil, sem esperança - em busca da casa da madrinha, onde encontrará tudo o que deseja. Ao longo da viagem surgem a gata da capa, S. Joca do Pandeiro, a professora da Maleta e tantos outros.

  • Corda bamba -  É um sopro de coragem que nos leva ao encontro de forças adormecidas. E com cuidado, bem ao seu estilo, Lygia "estica a corda" e nos faz transpor a ponte que liga duas extremidades: realidade e fantasia. Trabalhando na linha psicológica, com muita sensibilidade e respeito ao ser humano, enfoca a morte e seus estigmas. Conduz com maestria e um humor singular o aprendizado de viver com a perda. Ilumina a obscuridade ao levantar questões que passam despercebidas no cotidiano. Cria diálogos ricos entre o inconsciente e a realidade, e nos leva à compreensão de que podemos caminhar sozinhos e sermos bem sucedidos, mesmo que andemos na corda bamba.

  • O sofá estampado - Um dos livros mais premiados de Lygia Bojunga, "O Sofá Estampado" conta uma história aparentemente singela (a paixão de um tatu por uma gata angorá), abrindo em suas páginas um leque de personagens pitorescos, que pincelam com suas ações e diálogos um quadro divertido e emocionante de crítica social.

  • A Cama -Nesse livro Lygia faz de uma cama antiga, centenária – único bem que restou de uma família que já vivera no fausto -, o personagem central dessa história cujos desdobramentos, ora dramáticos, ora pitorescos, resultam não só numa narrativa saborosa, mas também na criação de uma galeria de personagens, a maioria dos quais vivendo crises de identidade e em busca de suas individualidades.

  • Fazendo Ana Paz - Em "Fazendo Ana Paz" surge através de fragmentos dispersos, como fotografia em álbuns antigos. "Fazendo Ana Paz" compõe com "Paisagem" e "Livro", um encontro com Lygia Bojunga na qual a autora busca dialogar consigo mesma e com o leitor sobre questões que emergem do processo de criação/recriação de uma obra literária. Um autor á procura de personagem... ou será a personagem à procura do autor?

  • Meu amigo pintor -O comovente encontro de um adolescente com a alma atormentada de um artista. Para o menino, a deslumbradora revelação do mundo das cores, das formas; a interpretação da vida através da intuição e da experiência do artista. Para o pintor, a presença da ternura e do entusiasmo do jovem amigo na aventura dessas descobertas, o conforto daquela confiança no drama da sua solidão.

  • Paisagem - .Este livro faz parte da "Trilogia do Livro". Esta obra traz novas mensagens ao mundo de palavras, formosa e sentimentos que compõem uma obra literária. A autora descreve-nos o cenário: uma paisagem que faz parte de um conto. Personagens casuais, transitórios e anônimos - um homem e uma mulher - habitam essa "paisagem" por algumas horas de suas vidas, movidos por intensa paixão...



O texto "Livro - A Troca" ficou para o final das dicas de hoje e você não pode perder!!! Leia, curta, pense, reflita e indique para seus amigos e alunos. 


Livro - A troca


Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.

Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado.

E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.

De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.

Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.

Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.

Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava.

Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que – no meu jeito de ver as coisas – é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.

Mas, como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra – em algum lugar – uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar.

                                                                                                                                (Lygia Bojunga Nunes).

(Mensagem de Lygia Bojunga para o Dia Internacional do Livro Infantil e Juvenil, traduzida e divulgada nos 64 países membros do IBBY).




* Para saber mais sobre a autora Lygia Bojunga visite seu site clicando no link abaixo:


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