domingo, 28 de abril de 2013

DICAS DE LEITURA: Por quê conhecer Marina Colasanti?

Vida e Obra de Marina Colasanti



      Marina Colasanti nasceu em Asmara, na Africa, morou até os 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Onde desembarcou com sua família em 1948, fixando-se no Rio de Janeiro.

Cursou em 1952 a Escola Nacional de Belas Artes, estudando pintura também com Catarina Baratelle, deste ano até 1956. Dois anos depois ela já estava integrando os diversos salões de artes plásticas. Nos anos que se seguiram ela trabalhou igualmente com o jornalismo e a literatura. Ela escreveu para vários veículos, apresentou programas televisivos e criou alguns roteiros. Ao mesmo tempo ela se devotou ao universo literário e lançou sua primeira obra, Eu Sozinha, em 1968. Publicou 32 obras entre elas livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia. Profundos laços ligam Marina à poesia - evidenciados em Rota de colisão (prêmio Jabuti) e mais uma vez estreitados em Gargantas abertas.

      Marina apresenta em sua obra a marca da diversidade, entre contos, poesias, produções em prosa, literatura infanto-juvenil. Sua primeira publicação infantil foi o livro de contos Uma Idéia toda Azul, de 1979, que logo conquistou o prêmio O Melhor para o Jovem, concedido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

    Outros prêmios conquistados pela autora foram os da Câmara Brasileira do Livro, da Associação Brasileira de Críticos de Arte, do Concurso Latinoamericano de Cuentos para Niños, promovido pela FUNCEC/UNICEF, e o Prêmio Norma-Fundalectura latino-americano.
   Marina Colasanti é um caso raro de talento literário múltiplo. Sua personalidade diversificada talvez possa ser compreendida pelas múltiplas atividades que exerce no campo da cultura desde sua formação em belas-artes até a prática jornalística.


Se você não conhece e nem nunca ouviu falar de Marina Colasanti, não perca mais tempo. Assista aqui um video onde a própria se apresenta para você.




Livros e mais livros para vocês...

  • Classificados e nem tanto, poesia (2010) - É um livro para todas as idades! Da criança ao idoso, fazendo que um desfrute idade do outro... “Classificados e Nem Tanto” é leve e profundo, é ligeiro mas exige meditação. Certamente que os jovens saberão decifrar a ironia e a sabedoria dos textos. Os adultos, que não se consideram nem crianças nem idosos, vão sentir a mesma sensação, mas nem tanto... a menos que leiam como jovens de todas as idades.
  • Poesia em 4 tempos, poemas (2007) - “Lembrando de Mim”, “Contando os Outros”, “Olhando a Natureza”, “Pensando o Hoje” são os subtítulos que dividem Poesia em Quatro Tempos de Marina Colasanti, uma das mais importantes escritoras da literatura brasileira. Mais uma vez, com seu inegável talento transforma o cotidiano em linguagem poética. A respeito do livro a autora comenta: escolhi poemas – alguns já publicados, outros inéditos – que tratam de temas comuns a todos e a todas, as idades.
  • Minha ilha Maravilha, poemas (2007) - São 35 poemas, a maioria com versos curtos e poucas estrofes. Poucas palavras, muito significado. Usando com astúcia os recursos poéticos (sonoridade, cadência, rima, figuras de linguagem...), a poeta reuniu nesta "ilha" pequenas cenas do cotidiano, observações, visões e sensações. Tudo banhado de ludicidade e com um toque de fantasia.
  • O homem que não parava de crescer, juvenil (2005) -Crescer é difícil, doloroso, desconfortável e irritante. Imagine se acontece de repente, num exagero de tamanho. Gul descobre que não esta sozinho nessa aventura, mas a parte mais complicada ele vai ter que resolver com suas próprias capacidades.
  • 23 histórias de um viajante, contos (2005) - Um viajante chega a cavalo às portas de um reino onde um príncipe vive isolado do resto do mundo. Fascinado pelas histórias que o outro lhe traz, o príncipe decide acompanha-lo na travessia das suas próprias terras. Enquanto avançam, o viajante conta. Narrar é viajar.
  • Uma estrada junto ao rio, conto infantil (2005) - Esta é a história de uma estrada menina, coberta de asfalto, que se estendia por um vale. Era uma estrada útil; por ela passavam carros, charretes, bicicletas, pessoas. Mas ela não se sentia feliz. Achava sua vida muito chata. Seu sonho era ser livre como um pequeno rio que corria ao seu lado. E tanto o admirou que decidiu imitá-lo. Com a ajuda da brisa, despenteou seu asfalto liso e brilhante, tornando-se toda encrespada. Mas, com esse seu novo jeito de ser, ela já não tinha utilidade para as pessoas. E também não conseguira se tornar um rio... Como ela encontraria sua identidade?
  • A moça tecelã, conto de fada (2004) - Em A Moça Tecelã, tecido pelas palavras mágicas de Marina Colasanti, artesã da sintaxe, do jogo lingüístico, dos sentidos simbólicos, ganha nesta publicação o trabalho de outros artesões - das irmãs Dumont, as bordadeiras, que transformaram em fios artesanais os desenhos de Demóstenes. O resultado é um livro belíssimo! Ímpar! Palavras, traços e tapeçarias se entrelaçam para levar o leitor, aparentemente, a um outro tempo. Tempo em que os homens, guerreiros, partiam para as batalhas e as mulheres encontravam na arte do tear o espaço para viver a longa e difícil espera. Porém, no conto criado por Marina Colasanti, a moça não espera... A moça tecelã constrói no tear sua própria história. Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe (...) ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou como seria bom ter um marido. Ao se descobrir infeliz, a moça tecelã, durante a noite, segurou a lançadeira ao contrário e desfez o marido.
          

  • Penélope manda lembranças, contos juvenis(2001) - Uma mulher que também pode ser uma felina, um homem que de repente se vê na condição de inseto, uma luva que controla os movimentos da mão... Em seis contos inéditos, expondo situações inusitadas, Marina Colasanti provoca e prende o leitor.
  • A amizade abana o rabo, conto infantil (2001) - A história desse livro realmente aconteceu, é verdade. Meiga e Maribel existem. E Millord também. Mas o que esses cachorros têm de tão especial para se tornarem personagens da Marina Colasanti? A resposta é simples: a amizade, um sentimento que foi capaz de transformar uma tragédia num ato de amor. Tudo começou perto do Natal, quando Tusca, uma cachorrinha grávida, fugiu da fome e procurou um lugar acolhedor para ter seus filhotes - entre eles, Meiga e Maribel (que acabaram ficando na casa). Millord, um cão inteligente e sério, atento às coisas do amor, apareceu depois (foi poupado da matança que vitimou seus companheiros), e acabou salvando a vida de Meiga que com a sua mania de caçar, acabou virando caça. "A Amizade Abana o Rabo" é uma linda e comovente história que nos mostra que um final se constrói bem antes do fim, e que, muitas vezes, no meio do caminho devemos escolher como ele vai continuar.
  • Um espinho de marfim e outras histórias, antologia de contos de fada (1999) - Os leitores acostumados, desde a infância, ao convívio com lendas e histórias fantásticas, situadas em castelos e mundos habitados por reis e princesas, leões e pombos, serpentes, príncipes e unicórnios irão rever, nos textos de Marina Colasanti, o mágico faz-de-conta dessas lembranças. E como o gostar, quase sempre, deriva do conhecimento, irão percorrer o velho e o novo guiados por um olhar que incide, epifanicamente, no feminino. Princesa, rosa, sereia; tecelã, rainha, prostituta; aldeã, esposa, mãe ou amante, a mulher é o centro de uma cosmogonia. Os papéis que desempenha e os espaços sociais que ocupa, revelam uma visão quase essencialista do gênero.
    Retratando "cenas da vida privada", a autora trata questões substantivas, como o amor e a morte, o preconceito, o desafio, a competência, a maternidade. Disso resulta um nível ótimo de generalização que transforma esta história na História Geral de todas as mulheres.
  • Ana Z., aonde vai você?, juvenil (1997) - Penetrando num mundo fantástico, habitado pelos mais insólitos personagens, a joven Ana Z. descobre a si mesma.
  • Histórias de amor, contos (série "Para gostar de ler" vol.22) (1997) - Onze histórias de grandes autores da literatura mundial mostram o amor em diferentes épocas e situações. As fantasias, o medo, a dor, a força de quem ama são revelados em textos fascinantes, que tocam fundo a alma do leitor. Dentre eles a nossa Marina Colasanti.
  • Longe como  o meu querer, juvenil (1997) - Uma jovem enfrenta um ogre comedor se sonhos; um rei presenteia a filha com a cabeça do seu amado; uma mulher tem a lua sob a pele - "Longe Como o Meu Querer" mostra um universo mágico de personagens encantadores, reinos distantes e paisagens longínquas onde tudo pode acontecer. Amor, ambição, coragem, desejo, solidão: os contos de fada tratam de sentimentos comuns a todos nós. Assim, por meio de alegorias delicadas, as histórias de Marina Colasanti revelam aspectos essenciais da alma humana.
  • Eu sei mas não devia, crônicas (1995) - Rubem Braga, talvez o maior cronista brasileiro de todos os tempos, costumava dizer que os jornais esquecem de noticiar uma coisa muito banal: a vida. Um cronista dos dias de hoje, porém, sempre pareceu ir contra esta corrente, ao fazer dessa mesma vida o tema por excelência de seus artigos e observações. Usando como matéria-prima as emoções e os sentimentos que os fatos em si só fazem corroborar, Marina Colasanti há anos observa e analisa com lucidez uma variedade de assuntos. Para todos oferece comentários que provocam reflexão, por não segregar o discernimento da emoção.
    As crônicas de Marina fazem parte de um conjunto que a autora constrói por meio de suas diversas atividades – jornalismo, televisão, literatura em prosa e verso e artes plásticas. Nelas, os fatos e as questões do dia-a-dia são tratados com emoção e objetividade. Eu sei, mas não devia é uma coletânea em que a habilidade da autora no trato de assuntos tão diferentes como amor, meninos de rua, solidão aparece de forma contundente.
                    

  • Um amor sem palavras, conto infantil (1995) - A sombra daquela árvore adorava seu ofício: acolher homens e animais, refrescar a terra, proteger os frutos e as raízes. Um dia, desconfiou que a árvore não gostava dela, porque as duas nunca haviam trocado uma só palavra. A árvore, sempre quieta e altiva, nunca olhava para a sombra que, magoada, resolveu abandoná-la...
Um amor sem palavras
  • Entre a espada e a rosa, contos de fada ( 1992) - Entre a espada e a rosa traz todos os elementos dos contos de fadas: reis, rainhas e princesas. Tomando por base este tema clássico, a autora conta várias histórias de surpreendente beleza e sensibilidade.
Entre a Espada e a Rosa
  • Cada bicho seu capricho, poemas (1992) - Cada bicho tem seu jeito, cada bicho, seu capricho. E cada um é flagrado pelo olhar bem-humorado e amoroso de quem conhece as palavras e os bichos.
    Cada bicho seu capricho

  • A mão na massa, conto infantil (1990) - No tempo mágico dos contos, onde reis governam e onde tudo é possível, Delícia a doceira surpreende-se diante de uma perda inesperada. Com esse ponto de partida, Marina Colasanti constrói a história de uma mulher que não abandona aquilo que ama, e sabe ser a um só tempo suave e cheia de determinação. A linguagem da autora, palpitante e gentil como a própria Delícia, envolve o leitor em encantamento até o final surpreendente.
A mão na massa
  • Ofélia, a ovelha, conto infantil:(1989) - Ofélia é uma ovelha mas não é nenhuma "Maria vai com as outras". Quando viu seu reflexo nas águas do riacho achou-se a mais feia e despenteada de todas as ovelhas. Antes de se entregar à tristeza, decidida e corajosa partiu em busca de uma solução. Quando encontrou na aldeia uma pele de raposa, sedosa, brilhante e vermelha, ficou feliz da vida, pois finalmente iria mudar sua aparência. Mas ela não esperava que fosse tão difícil ser uma raposa. Tinha que fugir de caçadores e os pequenos animais fugiam dela. O texto nos remete às antigas fábulas, mas o toque moderno de Marina o faz leve e positivo, destacando que a coragem de sair em busca da auto-realização traz suas recompensas. Suas Ilustrações têm a textura de tapeçarias....
Ofélia , a Ovelha - 2ª Ed. 2000
  • Um amigo para sempre, conto infantil (1988) - Este livro traz uma história baseada em fato real. Luandino Vieira é um escritor angolano que lutou pela independência do seu país e por isso foi preso. Na prisão ele só podia sair da cela uma vez por dia. Nesses passeios, surge um passarinho que vem comer migalhas do seu pão. São meses de paciência para que a distância entre o homem e o pequeno pássaro desapareça. Até que um dia o passarinho não volta mais. Foi cumprir seu destino de liberdade, como o homem ainda vai cumprir.
  • O menino que  achou uma estrela, conto infantil (1988) - Numa bela manhã refrescante, depois de uma tempestuosa noite, o menino saiu para brincar e acabou encontrando uma inesperada visitante: uma estrela menina. A estrela, cinzenta e apagada, estava muito doente, justamente por isso o menino a levou para casa. E agora, como cuidar de uma estrela? O que será que ela come? Como fazê-la sarar? O problema era grande mas não faltava vontade de ajudar. Sensibilidade e espírito solidário são o foco principal desta obra. O tema original faz o leitor participar do texto, podendo até criar outras desafiantes situações.
  • O verde brilha no poço, conto infantil (1986) - O poço não é um poço comum, é o poço de ventilação de um prédio. Cercada de concreto e cimento, o trabalho da semente foi um trabalho de Hércules. Uma semente caiu no poço. Encontrando condições mínimas de sobrevivência, inicia seu trabalho de germinar e dar origem a uma árvore. Devagar, com a ajuda de um pequeno raio de Sol, a planta foi crescendo silenciosa e solitária. Quando suas folhas curiosas alcançaram as primeiras janelas, os moradores tomaram conhecimento de sua existência. A primeira reação foi típica dos desacostumados com a natureza: enumeraram todas as inconveniências de uma árvore. Entretanto, a beleza e o frescor do verde falaram mais alto. O milagre da vida e a reconciliação com a natureza constituem o foco do texto.
  • Uma estrada junto ao rio, conto infantil ( 1985) - Esta é a história de uma estrada menina, coberta de asfalto, que se estendia por um vale. Era uma estrada útil; por ela passavam carros, charretes, bicicletas, pessoas. Mas ela não se sentia feliz. Achava sua vida muito chata. Seu sonho era ser livre como um pequeno rio que corria ao seu lado. E tanto o admirou que decidiu imitá-lo. Com a ajuda da brisa, despenteou seu asfalto liso e brilhante, tornando-se toda encrespada. Mas, com esse seu novo jeito de ser, ela já não tinha utilidade para as pessoas. E também não conseguira se tornar um rio... Como ela encontraria sua identidade?
  • O Lobo e o Carneiro no sonho da menina, conto infantil ( 1985) - Ai! Que medo! Quem tem vontade de dormir quando um lobo feroz e intrometido sempre entra no seu sonho? Isso não pode continuar, alguém precisa reagir! Será a menina ou será o carneiro? 
O LOBO E O CARNEIRO NO SONHO DA MENINA
  • A menina arco ires, conto infantil (1984) - Em "A Menina Arco-íris", a capacidade inventiva e a aguçada sensibilidade de Marina Colasanti convidam o jovem leitor a mergulhar no reino do imaginário e a viver com a personagem Virgínia momentos de desprendimento do real e a recriação de outra realidade.Virgínia caiu na xícara de leite, e o mundo começou a mudar. Imagine o que aconteceu: Será que ela ficou toda branca?
  • Doze reis e a moça no labirinto do vento, contos de ada (1982) - Treze contos de fadas, que criam um universo mágico e intemporal que interage simbolicamente com nosso inconsciente. Tecer uma nova vida com um pedaço de linha; conviver com os sonhos; dar vida ao ser amado, podando uma roseira; saber que o próprio tempo cansa-se das coisas do mundo; conhecer reinos fantásticos e seus labirintos; comover-nos com o desespero da princesa que perdeu seu próprio reflexo; desvendar o mistério das garças encantadas que atraem homens para fora de suas aldeias; descobrir o que há por trás do rosto do Guerreiro; acompanhar um príncipe em sua longa viagem pelos mistérios do mundo; conhecer a bela moça que, com seus cabelos, uniu dois reinos distantes e saber do valor das palavras e do silêncio para o rei. Tudo isso belamente ilustrado com o traço firme da autora.
  • Uma ideia toda azul, contos de fada (1978) - Marina Colasanti escreve sobre fadas, reis, unicórnios, cisnes e princesas, pois, para a autora, é importante resgatar os contos de fadas nesse mundo de tecnologia avançada. São dez contos que nos falam do vento que traz notícias do mundo para o rei; da donzela que borda seu mundo particular; da princesa que desconhece que toda beleza precisa ser livre; de um unicórnio e sua paixão; da primeira e única idéia de um rei; da corça aprisionada; do eterno fiar de duas irmãs; da princesa e seu único amigo, seu próprio reflexo; de amores impossíveis e do rei que só queria ouvir boas notícias. Não são histórias para rir, apenas tocam os pontos mais sensíveis, às vezes até provocando algumas lágrimas – de compreensão, de solidariedade, de prazer em ler....
  • Zoológico, contos (1975) - ainda estou buscando informações sobre o título.
  • Eu sozinha (1968) - ainda estou buscando informações sobre o título.

Tenho muito mais para falar sobre Marina Colasanti...mas se você gostou do que leu aqui, tenho certeza que irá procurar mais por aí...

  • Visite AQUI o site da autora!
  • Mais um vídeo AQUI !!!

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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Livros por todos os cantos da cidade JÁ!!!

      Precisamos de mais eventos literários na nossa cidade voltados para o publico infantojuvenil. Se queremos formar  leitores temos que oportunizar em todos os cantos da cidade, nas praças, parques, praias e até nos postos de saúde e UPAS da prefeitura do Rio de Janeiro. 
      As escolas, que estão em todos os cantos da cidade, em parceria com as Salas de Leitura e com o CEC poderiam formular projetos de leitura extra muro, abrindo e disponibilizando parte do acervo nas calçadas,  praças, praias e postos médicos próximos as escolas.
      Claro que tudo precisa ser bem pensado e planejado de acordo com a realidade de cada escola. É só uma dica.



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domingo, 21 de abril de 2013

Alfabetizar e Provocar os Alunos com Bartolomeu Campos de Queiroz


"A criança precisa do bonito e do novo, pois o velho e  o  usado ela já tem."

Bartolomeu Campos de Queiroz




Um pouquinho do Bartolomeu para vocês...


      Educador formado no Instituto de Pedagogia em Paris, também poeta, ensaísta, crítico de arte e museógrafo, era um incansável divulgador da leitura, através de seminários e programas. Dizia-se um escritor preguiçoso, porém leitor assíduo.

    Uma vez perguntaram se ele era realmente preguiçoso e ele respondeu: "- Tenho ósseo criativo." Em seu último livro publicado em vida: Vermelho Amargo, ele retoma a questão dizendo que não é preguiçoso e sim contemplativo.

     Bartolomeu era um filósofo e adorava escrever por metáforas. Muitas coisas na obra de Bartolomeu é fruto da sua memória. Como pode ser visto desde o seu 1º livro: O peixe e o pássaro, que falava de um amor impossível.

    Bartolomeu Campos de Queirós (1940-2012) foi um dos mais consagrados autores nacionais de literatura infantil. Detentor de diversos prêmios, foi condecorado mais de uma vez com o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, a maior e mais importante premiação do país, e com o Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infanto e Juvenil, além de ter sido finalista no prestigioso prêmio internacional da literatura infantil, o Hans Christian Andersen, em 2010. Falecido em janeiro deste ano, Bartolomeu tinha ainda alguns livros no prelo. 

    Bartolomeu Campos de Queirós viveu sua infância em Papagaio, cidade localizada no centro-oeste de Minas.Desde os anos 70, teve destacada atuação como educador, em vários níveis, contribuindo com importantes projetos para a Secretaria de Estado da Educação e para o Ministério da Educação. Participou do Projeto ProLer, da Biblioteca Nacional, dando conferências e seminários sobre educação, leitura e literatura. Foi também co-fundador do Movimento por um Brasil Literário. Suas obras alcançam mais de 40 livros publicados no Brasil, vários deles traduzidos e editados em outros países. 

    Perguntado se era religioso, Bartolomeu declarou: “Eu converso com Deus de vez em quando. Mas assim, informal. Tem hora que você precisa acreditar em alguma coisa, para dividir a dor”. Bartolomeu dividiu conosco sua dor, transformou-a em palavra (e poesia), e sobrevivemos nutridos por sua memória. “Se você não tem memória, não tem culpa nem gratidão. A memória é nosso maior patrimônio”.



Palavras de Bartolomeu:


  • "Cada palavra contém vários mundos e sentidos."
  • "É importante despaginar."
  • Depois de ver, não da mais para desver."
  • "Bonito, é tudo aquilo que não dou conta de ver sozinho." 
  • "A importância é a dúvida, quem tem certeza não aprende nada."
  • "O tempo não passa, o tempo âncora." 
  • "O tempo amarra a lembrança e subverte a ordem."
  • "É preciso tempo e paciência para suportar uma ausência."
  • "Escrever é tecer a ilusão com tecido transparente."
  • "A literatura é extremamente explicativa."
  • "Eu escrevo para preencher uma falta."
  • “Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante para uma palavra me ressuscitar”.
  • "É necessário ter uma sociedade leitora, para que a criança se faça leitora."

     Dentre os muitos livros que escreveu, Bartolomeu dedicou grande parte de sua obra aos pequenos leitores. Relendo e aprendendo com esse maravilhoso autor destaco alguns livros maravilhosos que vão me auxiliar no processo de alfabetização com a minha turma do Projeto Nenhuma Criança a menos e com certeza poderá contribuir também com o trabalho de muitos colegas de classes de alfabetização.



Dicas para Alfabetizar e Provocar os Alunos com Bartolomeu:


  • Pé de sapo e sapato de pato - Fonemas: /P/ e /S/ - O texto que Bartolomeu nos apresenta é uma poesia sintética, com deliciosa articulação de linguagem e uma divertida brincadeira com as descobertas do universo da criança. O autor e a ilustradora nos mostram que o simples nem sempre é o que é pouco sofisticado e requintado, em termos de forma e conteúdo. Um sapo, um pé de pato, um irmão, um mico-leão-dourado, e tantas coisas comuns conseguem no texto unir a natureza e o cotidiano através da poesia.

  • De letra em letraMaravilhoso! De letra em letra é um texto capaz de levar o leitor a encontrar nos elementos do mundo as palavras escritas com a mesma letra de seu nome.

  • O piolho - Com um agradável jogo de palavras, metáforas e ditos populares, o autor narra a convivência de um piolho e um repolho - os seus gostos e interesses - em uma divertida relação às vezes de amizade, às vezes de repulsa.

  • Papo de pato - “Papo de Pato” é a história de dois patos: o pato com penas e o pano sem pena que vão bater um papo muito divertido. As crianças vão adorar!

  • As patas da vaca - Neste livro, Bartolomeu Campos de Queirós, escritor mineiro, fala sério brincando, ou brinca falando sério. É uma vaca esquisita:/ Se tem 4 patas/ e 8 pés,/ tem 4 leiteiras,/ 4 bicos/ e 8 asas. A partir de um jogo verbal – exploração dos vários sentidos de uma mesma palavra –,o escritor cria novas possibilidades com uma mesma palavra e, muito além disso, cria personagens com até novas características. As quatro patas da vaca,/ são quatro patos, no boi? No desenrolar do livro, Bartolomeu Campos de Queirós brinca com a palavra pata, com a palavra pato, com a palavra leiteiras, com a palavra bico, com a palavra pés... Além disso, a todo momento, o autor joga com o raciocínio lógico da criança aliando-o à sua capacidade de imaginar, de criar. E, a partir daí... Se a vaca tem 4 patas/ que viram sempre leiteiras,/ a vaca tem 4 bicos/ e quatro pares de asas.

  • Histórias em 3 atos Nesta História em 3 Atos – o ato do gato; o ato do pato; o ato do rato – cria uma maneira alegre, dinâmica e lúdica de brincar com as palavras. No primeiro ato o gato vê o pato,/ tem um susto,/ cai o G./ o pato vê o gato,/ tem um susto,/ perde o P/ O P se esconde no pé do pato./ O G se esconde na garra do gato./ O gato que é ato procura o G./ O pato que é ato procura o P. (...) No segundo ato o gato vira pato. Surgem, assim, durante a leitura, novas possibilidades linguísticas com o acréscimo ou eliminação de uma letra. O gato come o R do rato e vira grato. O rato sem R vira ato. A criança é levada a interagir com o texto e a descobrir o prazer estético das palavras.

  • Formiga amiga - Os pequenos A-DO-RAM!!! Neste livro para leitores iniciantes, o escritor apresenta Dulce, uma formiga amiga, que encontra na cozinha seu lar e fartura de vida, além do carinho de um garoto, que gosta de observá-la e a suas companheiras, enquanto brinca naquele cômodo da casa. As ilustrações são bem interessantes, permitindo, inclusive leitura de imagem.

  • O ovo e o anjo - Em O Ovo e o Anjo, escrito em linguagem poética, Bartolomeu Campos de Queirós, sempre brilhante no manejo do idioma, mais uma vez demonstra sua habilidade em brincar com as palavras, em descobrir relações semânticas e sonoras, em seduzir o leitor com a singeleza da expressão poética. Todo ovo tem asas./ Todo ovo é ave. Todo ovo é voo./ Toda ave voa. (...) Eu escuto a ave cantar/ Nunca escuto anjo rezar. Tem coisas que eu vejo/ e outras que só ouvi falar... 

  • 2 Patas e 1 Tatu - Esta história tem 2 meninas e 1 menino, 2 patas e 1 tatu-bola. A Taninha ama a Pata Tá e a Tininha ama a Pata Ti. Já o tatu-bola é o amor do Toninho. Cada um ama de um jeito: +, = ou até -. Neste gracioso e criativo texto de Bartolomeu Campos de Queirós, o pequeno leitor é convidado a brincar com o sentido das palavras, dos números e dos sinais matemáticos.

  • Raul luarÓtimo livro para introduzir a leitura de textos poéticos; trabalhar jogo com palavras e figuras de linguagem; e dar a percepção e criação de anagramas. Nesse livro Bartolomeu nos presenteia com um poema em que os anagramas “Luar” e “Raul” tornam-se mais que simples substantivos, verdadeira relação de amor no ponto de interseção das letras.

  • Somos todos igualzinhos - Em Somos Todos Igualzinhos, reflete criativamente sobre o relacionamento e o comportamento humano a partir de dois casais de animais. Os galinhos compadrinhos/ e muito companheirinhos/ e paizinhos dos dois pintinhos/ chegam bem cedinho (...). As galinhas comadrinhas/ muito companheirinhas/ e mãezinhas dos dois pintinhos/ com peninhas penteadinhas/ acordam os dois filhinhos/ cantando delicadinhas:/ pin-pin-ti-ti-nho-nho// pin-pin-ti-ti-nho-nha. Em linguagem poética, que recria o imaginário infantil através do uso do diminutivo, associada às ilustrações magníficas de Guto Lucaz, a leitura dessa história desperta a sensibilidade da criança para a descoberta de outras possibilidades do uso da linguagem, tanto a verbal quanto a não verbal.

  • A árvore O livro escrito em primeira pessoa retrata a relação com uma árvore no quintal do narrador. A árvore e o narrador coexistem. A descrição feita por Bartolomeu é extremamente delicada e poética, onde as vidas se complementam. Os fatos narrados e as relações naturais entre eles prendem o leitor de modo perspicaz. Uma sugestão imperdível para quem ainda não teve o prazer de ler. Ainda que distribua, democraticamente, sua sombra, A árvore pertence ao poeta e parece desejar mudar-se para dentro de casa. Sua sombra se debruça pela janela, espiando o sofá e lhe revelando um mar de folhas com os bichos que por ali perambulam, pousam, repousam, se arrastam: borboletas, cigarras, grilos, lagartas, formigas, abelhas...

  • Mário -  O livro Mário é o convite perfeito para se adentrar no universo do sonho, do devaneio, para fazer vir à tona a força expressiva da linguagem poética, a inventividade das palavras, a sensibilidade adormecida, a volta à pureza da infância. Mário, um nome composto de ar, mar e rio. Mário, o menino poeta,/ nasceu em fevereiro./ E no seu nome, que/ era feito de mar e rio,/ moravam os peixes que/ enfeitavam seus sonhos./ (...) Por ser água,/ Mário olhava/ o céu e as nuvens,/ as plantas e as aves./ Por ser mar e rio,/ Mário era ar,/ por onde voavam pássaros/ em som de vento.


  • Diário de classe - "Ah, Mariana menina pouco sozinha. De um lado tem Maria. Do outro lado tem Ana. No meio corre Marina. Pelo ar de Marina ia Maria. Pelo mar de Mariana ria Marina. E Ana, menina amiga, ama as águas de Mariana." Nesse livro o autor brinca com as palavras trocando, tirando ou acrescentando sílabas e letras. Os textos são pequenos e divertidos, ideais para serem apresentados para a criançada , principalmente, as das classes de alfabetização.

  • Flora - Gênero: Natureza. A menina Flora, a protagonista, observa, contempla, admira, respeita e vivencia zelosamente o ciclo da vida. Surpreende-se diante da força da natureza e da importância da terra para cada novo período de gestação. Flora guardava uma paixão secreta pelas sementes. Debruçava sobre os grãos buscando adivinhar o depois. Sabia morar em cada semente uma floresta, árvore, galho, folha, fruto, e sempre. Era preciso apenas paciência para outras vidas serem reinventadas.

  • Onde tem bruxa tem fada Além de propiciar um belo trabalho com a linguagem, o livro abre portas para discussões fundamentais para aquele que será o adulto de amanhã. Para onde vai o mundo sem imaginação nem fantasia? Imagine a decepção de Maria do Céu, uma fada que vem á terra e descobre que o consumismo tomou conta de todos e que não há mais lugar para o sonho e a fantasia! Uma fábula cheia de fascínio, que nos leva a refletir sobre as convenções impostas pelo progresso. Seria o sacrifício do amor e da liberdade em troca do conforto material? 

  • Os cinco sentidos - Trabalhando dentro da linguagem verbal e não verbal  - Nesse  livro Os cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato – transformados na prosa poética de Bartolomeu Campos de Queirós instigam o leitor a compreender e a refletir sobre o caráter expressivo, sensível e criativo da linguagem nas suas diferentes formas. Por meio dos sentidos produzimos linguagem. Por meio dela o homem dialoga consigo mesmo, com os outros e com o mundo a sua volta. A linguagem, seja verbal ou não verbal, está presente em todas as atividades humanas; saber usá-la com sensibilidade é um desafio da sociedade contemporânea. Por meio dos sentidos suspeitamos o mundo. (...) Com os olhos nós olhamos a vida. Olhamos as águas rolando entre pedras, peixes, algas. (...) Com os ouvidos nós escutamos o silêncio do mundo. (...) Com o nariz sentimos os cheiros do mundo. (...) Com a boca sentimos o sabor das coisas... (...) Quando alguém especial nos olha nós nos sentimos tocados. (...) Em cada sentido moram outros sentidos.

  • Coração não toma solObra Premiada: 1987/FNLIJ – Altamente recomendável para jovens - Prêmio Orígenes Lessa; Prêmio 1ª Bienal de BH/1986. Ótimo para trabalhar reações humanas, minha turma precisa muito ser tocada e provocada a todo momento. Por viver entre as sólidas paredes de um castelo, era um coração que não tomava sol. Ele tinha por tarefa guardar tudo aquilo que o castelo encontrava, pensava e sonhava. Tantos enredos surgiam do leste ou chegavam do oeste, que o coração os guardava sem saber por que vinham. E assim, o leitor é conduzido a um estado de espírito que será, acima de tudo, um toque de alvorecer. 

  • Ah! Mar!Esse livro é ótimo para discutir com a turma sobre os sonhos e desejos e suas possibilidades de realização. Quem vive entre montanhas ama mais o mar? É possível amar o mar sem nunca o conhecer? É possível navegar à distância? Essas são perguntas que permeiam este livro, como permeiam também o amor, seus encantos e mistérios. 'Ah! Mar' é um poema em prosa de um marinheiro das montanhas em busca de seu desejo maior, encontrar seu mar. É um livro sobre os desejos, o amor e as impossibilidades.

  • Faca afiada -  Dois meninos levam uma vida singela e metódica ao lado dos pais e da avó bem velhinha, que, com suas histórias encantadas, preenche com mágicas imagens o sonho dos netos. Certa noite, porém, o menino mais velho entreouve uma conversa sussurrada entre os pais. Pelo que pode entender, um assassinato está sendo tramado, e a vítima será sua querida avozinha... Uma súbita mudança se opera na vida do menino: cheio de conflitos, vê os pais como monstros, mas não consegue reagir. Tem vontade de escapar do mundo, até que percebe que tudo não passara de um mal entendido. É uma oportunidade para um trabalho com a linguagem figurada na sua mais verdadeira expressão, com os recursos da narrativa de suspense e com os temas relacionados à infância, à vida em família, ao relacionamento com os mais velhos e ao papel destes na organização familiar. Além disso, traz, embutido como texto paralelo, uma história nos moldes de um conto de fadas, o que propicia também atividades relacionadas a esse tipo de narrativa. Leia para descobrir o desfecho dessa incrível história!

  • Ler, escrever e fazer conta de cabeça - Em Ler, Escrever e Fazer Conta de Cabeça, a infância do narrador-personagem, ora marcada pela alegria, ora marcada pela dor, é recriada cuidadosamente. Os sentimentos vividos, os episódios significativos, as festas, as traquinagens e as brincadeiras infantis, as pessoas queridas não se perderam em sua lembrança. As palavras eram feitas de pedaços, e cabia à gente juntá-los. No escuro, com linha escura e cautela, eu ia arrumando as letras, somando partes com cuidado, sem pensar na palavra morfina, para não me aborrecer. E minha mãe, cada dia mais mofina, andava sem força para cantar e espantar o pavor.

  • Sem palmeira e sabiá - Sem palmeira ou sabiá' traz as brincadeiras e cantigas de roda inventadas por um menino que joga sal na água da chuva presa no quintal para construir seu próprio oceano. Essa história divide com o leitor a beleza que o autor não dá conta de guardar só para si. Bartolomeu Campos de Queirós desenha uma infância revisitada pela fantasia, criando um mundo paralelo num tempo mágico que só a escrita poética possibilita narrar.

  • Até passarinho passaPerfeito para trabalhar relações interpessoais em sala de aula. Apaixone-se pela bela história contada neste livro. Lendo a natureza em sua constante passagem, o menino toma de amores pelo pássaro que visita sua varanda. Todo o diálogo entre os dois, ao longo da amizade, é tecido entre silêncio. Aos poucos, menino e pássaro se entendem dispensando palavras e mãos. E o tempo é responsável absoluto pelo encontro e desencontro dos amigos.

Tem muito mais sobre Bartolomeu por aí... e por aqui... veja alguns vídeos abaixo


  • Manifesto por um Brasil literário

"Se existe o novo é porque ele foi fantasiado anteriormente" .
"Não há como viver sem fantasia".
"A escola deve se dedicar mais sobre a leitura literária".
"Se o professor é um leitor o aluno vai querer ler".
"A criança precisa ver a relação da família com o livro".



  • Bartolomeu Campos de Queirós - Imagem da Palavra




Parte 3: 



  • Depoimento: BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS - Escritor

"A cultura surge quando o homem quer ser sujeito do mundo"



Mais livros que você professor deve ler e reler...

  • Indez - Ao contar a história de Antônio, desde o seu nascimento numa fazendo no interior de Minas Gerais até a saída de casa na adolescência para estudar na cidade, Bartolomeu recria a infância marcada pelas brincadeiras tradicionais e pela cultura popular. valoriza a vida simples e as relações afetivas entre os seres.

  • Vermelho Amargo - Vermelho amargo revela uma face diferente do escritor Bartolomeu Campos de Queirós, e o insere definitivamente na literatura brasileira, para além de classificações. Um narrador em primeira pessoa revisita a dolorosa infância, marcada pela ausência da mãe substituída por uma madrasta indiferente. Vemos os irmãos, filhos de um pai que não larga o álcool e de uma madrasta que serve em todas as refeições fatias cada vez mais finas de tomate, desenvolverem diversas anomalias para tentar suprir a ausência de afeto e a saudade da mãe: um come vidro, a outra não larga as agulhas e o ponto cruz. Numa espécie de contagem regressiva, o narrador observa seus irmãos mais velhos irem embora de casa. A prosa memorialística vale a pena, no entanto: afinal, "esquecer é desexistir, é não ter havido".  Neste depoimento de inspiração autobiográfica, a prosa poética de Bartolomeu é dolorosamente bela. Como ele mesmo coloca na epígrafe, foi preciso deitar o vermelho sobre papel branco para bem aliviar seu amargor. "Uma obra delicada como arame farpado", nas palavras do diretor teatral Gabriel Villela, que assina o texto de quarta capa.

  • O Olho de vidro de meu avô - Um neto que guarda o olho de vidro de seu avô rememora sua infância. É uma obra que permite um intenso diálogo com os leitores, pela relação de afetividade e de respeito que a narrativa constrói entre neto e avô e por cultivar o espírito da criança mágica no narrador menino e nos leitores.

  • Pedro - Pedro pintou um dia, em alguma parte do mundo, uma borboleta e junto dela, flores para que ela pudesse se esconder e galhos para descansar. O voo da borboleta pode, de repente, transformar qualquer dia em domingo.Próximo à poesia, é uma história maravilhosa de reinvenção da vida. Para ter “o coração cheio de domingo” como Pedro, basta brincar de ser o criador de seu universo.

  • O peixe e o pássaro - "O Peixe e o Pássaro" é uma história para crianças, nascida do convívio com crianças. É, basicamente, a história de um amor impossível entre um peixe e um pássaro.

  • Por parte de pai - Da recriação de cenários da infância no interior, emerge a cumplicidade avô/neto, num poético exorcismo de saudade. As paredes da casa do avô tornam- se o primeiro livro do menino, mas sua primeira leitura é o olhar do pai. Um mútuo amor calado, imenso, perpassa pelas páginas deste livro em que o avô reina e o neto é o seu súdito encantado.

  • Ciganos - Nesse livro centra a narrativa nos sentimentos e emoções de um menino que observa, com encantamento e medo, a chegada e a partida dos ciganos em sua cidade. De sua solidão, da falta de afeto paterno, vivencia o desejo de ser roubado por aquele povo nômade e misterioso, de ser levado para além dos muros de seu mundo e conhecer outros lugares. Para um menino, assim só, os ciganos eram uma espécie de sol que acordava os afetos. (...) Por todo tempo ele velava cada movimento daquele povo transitório e feliz. (...) O medo da partida, desavisada, dos ciganos o incomodava. Não ser levado e continuar reparando as nuvens e descobrindo figuras fugazes, seguidamente. A prosa poética, característica marcante na criação de Bartolomeu Campos de Queirós, remete o leitor - jovem ou adulto - a uma reflexão sensível sobre a alma humana.

Mais...

  • Veja AQUI um maravilhoso artigo na Gazeta do Povo sobre Bartolomeu Campos de Queiroz.

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